O narcotráfico e a invenção eurocêntrica do outro: uma leitura fronteiriça
DOI:
https://doi.org/10.54167/qvadrata.v4i7.1004Palabras clave:
Palácios, narcotráfico, fronteira, América LatinaResumen
Partindo da teorização da “crítica biográfica fronteiriça” (Nolasco, 2017), este artigo propõe uma leitura de como a anulação dos espaços foi importante para que a narrativa eurocêntrica (forjada na temporalidade) pudesse encobrir os meios pelos quais se consumou o projeto que transformou a Europa em “centro e fim da história universal” (Dussel, 2007). Para tanto, partiremos do lócus em que emerge o presente texto, ou seja, da fronteira Sul do Brasil. A fim de ilustrarmos a discussão, abordaremos as imagens de palácios que, na literatura e na filosofia, metaforizaram espaços geográficos. Trata-se do Palácio de Cristal de Londres, metáfora utilizada pela primeira vez por Dostoievski e mais tarde retomada por Peter Sloterdijk (2008). Em tal perspectiva, percebeu-se o Palácio de Cristal de Londres como uma representação da civilização europeia. Por outro lado, encontraremos semelhante metáfora no palácio/cartel da novela Trabajos del reino (2004) de Yuri Herrera que, segundo Romero (2015), pode ser lido como a representação de um espaço geográfico. O narcotráfico, por fim, será abordado como uma via de ascensão britânica que, após a narrativa da história universal, converteu-se em uma prática estigmatizada e inerente a outros povos que não os europeus.
Citas
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